Um desenho esculpido em um pedaço
de pedra que mesmo tendo um traço que parece dividir o bloco longitudinalmente
ao meio, mantêm sua unidade. A ideia de união é reforçada pelos dois braços que
abraçam a escultura, dividindo a peça no sentido oposto. Aparece para o
observador da imagem metade de cada boca se beijando, e de cada olho, deixando a impressão que eles eles estão unidos como se fosse um. Ou, alguém, por não ter o "outro" esta dividido, mesmo sendo um bloco, não há unidade. Remete nesse ponto a condição humana de seres desejantes, impulsionado pela falta, uma incessante busca algo integrador. O obra mantem parte de sua
estrutura original, nos lembrando que a obra é uma pedra, um
bloco concreto, passando uma sensação de estarmos observando algo estático,
fixo. Há uma intenção de uma estética primitiva, com poucos acabamentos ou artificialismos. Como se víssemos, apesar da impossibilidade de um ser conter dois e um, uma busca por captar o real, chegar ao ponto da mistura do impossível, em que está integro e ao mesmo tempo integre, um instante tão fugaz que só poderia virar pedra, arte. Um detalhe interessante é que a boca é a menor parte do objeto, ficando o braço
em maior evidência, dando uma sensação de estranheza, como também lembrando que a boca é apenas uma das partes do beijo. Porém, se a boca é pequena, os dois braços unidos ficam em evidencia, e remeta aos lábios, os braços se transformam em uma boca, voltando a ser, mesmo sendo braços de duas pessoas, um elemento só, unificando o objeto. Outro ponto é que não há como identificar o gênero das figuras, o que transmite a ideia que se trata de um beijo fraternal, um outro supostamente universal. Assim, mesmo sendo um bloco que pende mais para o quadrado, que sua coloração não foge do aspecto concreto do material, é uma escultura que contém movimento. Sua ação se dá pela transição sígnica ambiguidade que movimento nossos olhos.
escultura: Brancusi; textro: Fernanda Tatagiba
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