O que vejo em teu corpo descoberto
é mais ou menos o que sei do meu:
aquela maciez enganadora
das frutas doces de caroço duro
de tudo o mais. Mas sei (ou adivinho)
que atrás da pele, além das samambaias
grosseiras do visível, alí se arvora
o travo opaco do real, amêndoa
seca do ser. Comer seria fácil
(ainda que amargo) não fosse esse verniz
viscoso que embaça minha vista,
que te reveste o corpo feito carne
e que transforma as coisas num desejo
único de morder. Daí os deuses
Paulo Henrique Brito
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