Na solidão inconfessa do amor
de vez em quando alguma coisa incomoda
vem até a tona para respirar,
e nos contemplar, muda, encabulada
com a língua imunda de fora, a afar
não que soubesse que no fundo
da doce felicidade possível
sobreviveria alguma criativa
fria e estúpida como essa, esperando
sem pressa um momento insatisfeito
de insônia para atacar; mas vê-la
assim a implorar dá pena, e medo,
e nojo. E o jeito é afagá-la um pouco
até que ela mergulhe outra vez
Paulo Henrique Brito
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