quarta-feira, 13 de novembro de 2013



Com simplicidade, usando objetos comuns do seu uso diário e com ajuda apenas dos amigos para realizar suas montagens, Alexandre Mury faz paródia de obras de arte e figuras consagradas. 

Porém, paródia talvez não seria a melhor palavra, ou pelo menos ele dá uma nova possibilidade a ideia de imitação cômica. 


Esse termo, traz uma noção de  algo intermediário, um meio para levar a uma mensagem intencional, podendo restringir o potencial artístico. Assim como seu oposto, isso é, quando a paródia, utilizando da comicidade com o objetivo apenas da risada. Neste caso a graça não costuma durar mais que o impacto inicial, já que a identificação do objeto da paródia, depois de ser deslocado de seu lugar, costuma voltar sua ordem de representação. 


No caso de Alexandre seu trunfo é que o parodiado é ele próprio. Munido de muita criatividade, esta salvo de vira caricatura, pois antes que isso aconteça ele se transformou numa imagem conhecida ou já esta em outra fotografia.  


Na dramaturgia buscamos o personagem por trás do rosto do ator, na arte de Mury fazemos o caminho oposto. Queremos mergulhar ou mesmo retirar sua caracterização. A espera é que é o fim. Alexandre vestido para foto (ou nú, no caso da releitura do quadro Abaporu) aguarda ser visto. Mas o grande momento de sua arte é quando despimos cada objeto, abandonando a obra retratada, e podemos, com ele, compor com banco de plástico, macarrão e rolo de papel higiênico alguma coisa entre Shakespeare e Frida. 


Mass existe um elemento comum em todas as fotografias.
Os artistas não aceitam serem copiados, e essa (im)possibilidade é o que os movem. 


Alexandre não vai longe de sua piscina, bandeja e molho para macarrão, pois é ele quem esta ali. Narcísico, não foge de sua condição, por isso pode ser tantos. 


fotografia: Alexandre Mury
Texto: Fernanda Tatagiba

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