Enxerga pouco, os óculos são fundos, da grossura de um dedo, se os dedos pudessem ser medidos com óculos. Deve precisar eles para me ver, para pegar o ônibus e o telefone para marcar o encontro. Mas quando nos beijamos fecha os olhos como se não tivesse óculos, como todo mundo. Será que ela me acha mais bonita com ou sem óculos? Não penso em nada enquanto nos beijamos.
Quando se tira os óculos só vemos a imaginação, os melhores tropeçam. Eu acho a vida mais bonita com detalhes, mas ver as pequenas coisas deve ser uma escolha, então não seriam pequenas. Colocar os óculos é decidir por elas.Também sou míope, só que bem menos. Gosto dessas duas maneiras de ver o mundo.
Quando se tira os óculos só vemos a imaginação, os melhores tropeçam. Eu acho a vida mais bonita com detalhes, mas ver as pequenas coisas deve ser uma escolha, então não seriam pequenas. Colocar os óculos é decidir por elas.Também sou míope, só que bem menos. Gosto dessas duas maneiras de ver o mundo.
Na cama, quando os namorados ficam perto e conversam as coisas mais importantes da vida, ela as vezes tira os óculos e fica grudadinha nos meus olhos, encontrando um ponto máximo do não contato. Mais um pouco e atravessaríamos a cegueira da outra. Ela parece gostar de ficar assim desafiando a olha-la, como se me perguntando se estou vendo e quando mais perto menos nítida fica.
É esse o ponto do encontro. Os olhos se parecem, nublados com a mesma imprecisão uma da outra. Tentando buscar a medida única de ver o mundo da mesma forma. Com os olhos fechados nos beijamos, para ter certeza.
Fernanda Tatagiba
Fernanda Tatagiba
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