As redes não são para deitar, dormir, sentar, ficar quieto. É algo entre uma coisa e outra, um balanço. As redes são moveis, mas grudadas na parede, ou qualquer lugar fixo, podendo ser levada a qualquer momento para outro canto. Dobráveis não domam o formato do corpo, faz do pano a nossa forma.
A cama, presa e segura do sono, vai afundando. Esticada parece esta sempre nos fazendo levantar. O que na cama é insonia na rede é deleite. A cama esta atravessada no canto da casa, um túmulo aberto. A rede pode esta em qualquer lugar, dentro e fora de casa, no caminho, atrapalha nossa pressa. A rede é o lugar da conversa, na cama é quando ela se encerra, ou se transforma em um adendo.
A rede já nasce em direção ao chão, com suas pontas para cima como um sorriso. Uma rede deita e outra pesca, um objeto com o dom do amparo, pronto para receber. As redes nunca são iguais. Seu enfeites, rendas e bordados é como o sono que precisa mais que olhos fechados. A rede nos lembra que não basta dormir, é preciso garantir o sonho.
Texto de Fernanda Tatagiba a partir da exposição No Balanço da Rede aberto para visitação na Caixa Cultural no Rio de Janeiro de 14 de janeiro a 23 de fevereiro de 2014
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