quinta-feira, 17 de outubro de 2013

As coisas tem dias, datas certas e inventadas como os calendários. Tem dia de tudo, sempre feito para esse mesmo fim, para sabermos que é o dia de algo. Não há comemoração possível além da lembrança. Dia do irmão, do cachorro quente, dia da poesia. Os dias servem para isso. Para se encher com qualquer coisa que desvie, para evitar que se olhe no fundo das horas. As coisas tem seus dias mesmo que não escritos, mesmo se não lembradas. Todas elas tem, cada uma um dia, é assim que o mundo vai acabar no limite da extensão de um objeto. Foi assim que o tudo começou, em algum aniversário. 


Fernanda Tatagiba

Um comentário:

  1. "para evitar que se olhe no fundo das horas."
    O tempo é acontecimento. Se não há nada acontecendo, não há vida, não há tempo. A lembrança é acontecimento, vivemos a lembrança, somos lembrança. Nunca lembramos de quando lembramos de algo, engraçado, não? Sempre presente, o passado é pura alegoria.

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