a lua: puro papelão,
que aos teus dedos transmutará em loiça.
Não fosse a gripe que me assolou esses dias,
não fosse a preguiça, os livros e o sono,
eu te mataria um dragão.
Na entrada da tua vila, deixaria o bicho,
pesado como uma hecatombe
(um hematoma na boca do estômago,
as asas imensas de bomba
imersas numa poça de sangue verde).
Ora, não te assustes,
sei que te acostumei com presentes mais delicados.
Mas não seria preciso guardá-lo: telefonarias
para o Departamento de Limpeza Urbana
avisando que um louco que te ama
deixou um sonho morto
na porta da tua casa.
O Dragão
Eucanaã Ferraz
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