devo muito
aos que não amo
o alívio de aceitar
que sejam mais próximos de outros
A alegria de não ser eu
o lobo de suas ovelhas
A paz que tenho com eles
e a liberdade com eles,
isso o amor não pode dar
nem consegue tirar
Não espero por eles
andando da janela à porta
Paciente
quase como um relógio de sol,
entendo o que o amor não entende,
perdoo,
o que o amor nunca perdoaria
Do encontro à carta
não se passa uma eternidade,
mas apenas alguns dias ou semanas
As viagens com eles são sempre um sucesso
os concertos assistidos,
as catedrais visitadas,
as paisagens claras
E quando nos separam
sete colinas e rios
são sete colinas e rios
bem conhecidos dos mapas
(...)
Wislawa Szymborska
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